Espetáculo 1999=10 estréia no Verão Arte Contemporânea
A cena 1999=10 foi escolhida pelo projeto Cena-Espetáculo do Galpão Cine-Horto para se tornar uma montagem teatral. A estréia acontecerá no Verão Arte Contemporânea. O espetáculo cumpre temporada de 10 a 27 de fevereiro, quinta a sábado, às 21h, e domingo, às 19h, no Teatro do Galpão Cine-Horto. A direção é de Dudude. Em cena, Bete Penido, José Washington Vidigal, Miller Machado, Patrícia Siqueira e Vinicius Reinaldi. Apoio de Cena: Beatriz França. A classificação indicativa: livre. Duração: 60 minutos.
O espetáculo aborda a superfície daquilo que infecta o mundo das aparências. Cinco “objetos humanos” são apresentados em cena como produtos afetados pelo mercado. A proposta é escancarar sintomas de um mundo imediatista, construído na superfície, por isso raso e apoiado nas aparências. “1999=10 pode ser um desabafo de onde nos encontramos neste tempo, neste século, neste mundo repleto da espécie humana, com o efeito estufa, com calamidades climáticas, com a produção de lixo exorbitante. Enquanto isso, aparentamos todos plenamente satisfeitos, como se não existissem problemas.”, explica Dudude.
Em cena, homens “plenamente” satisfeitos e “coerentemente” trajados de terno, “armadura contemporânea” associada ao poder e à credibilidade do mundo dos negócios, debatem tragédias e catástrofes cotidianas estampadas na mídia, que ordinariamente atravessam seus corpos “ocos”. Eles lêem o jornal. E todos os dias o papel está ali, envelhecendo rapidamente. As notícias a cada instante são outras e as mesmas, os personagens são outros e os mesmos, o tempo passa e quase nada realmente muda. Os homens continuam seus discursos cegos, surdos. A aparência esconde o buraco. A indumentária opaca não permite perceber que esses homens são meros produtos descartáveis, em meio a tantos, onde só a embalagem conta. Assim, 1999=10 brinda com ironia, a superfície, a prepotência, a soberba e o caos a que o homem de hoje foi abduzido. Como diria o personagem Pozzo da peça Esperando Godot de Samuel Beckett: “É uma desgraça, mas é assim!”.
Durante a concepção da dramaturgia, atores e direção buscaram inspiração em trechos de peças de Ionesco, Eugene O’neil, Samuel Beckett, referências na obra de autores brasileiros consagrados e anônimos, além de artigos e reportagens de jornais e revistas. Porém, a dramaturgia não se limitou ao universo das palavras. Ela foi além: o espaço, o corpo dos intérpretes e as intervenções sonoras ganharam também a função textual. “o opção por uma dramaturgia livre vem do desejo de construir um trabalho poroso, que procure ressaltar as potencialidades individuais de cada intérprete na cena. Cada um é uma pequena parte da imagem a ser construída, partindo da premissa de que em cena, tudo fala: espaço vazio, corpos, roupas, intensidades, luz, voz, palavra. Nada é construído por acaso, tudo aqui tem propósito, só resta ao público descobrir e inventar um sentido”, explica Dudude.
O Agrupamento 1999=10
O agrupamento formado por Patrícia Siqueira, Bete Penido, Vinicius Reinaldi, Miller Machado, José Washington Vidigal e Beatriz França surgiu de uma idéia, um desejo de experimentar o corpo que fala, o corpo que se move e por aí vai. Quando veio o convite de Dudude para o Cena-espetáculo já havia no próprio processo um fluxo que interessava aos artistas, que os movia: 1999=10 se revelava a cada ensaio, a cada movimento. De um “rascunho” brotou uma “cena curta”, que agora é um “espetáculo”, e que em breve poderá ser outro “coisa”. “Nossa equipe gosta disso: seja em estado de dança, seja a palavra com o espaço. O importante é estar em movimento. E fazer algo traz sempre a idéia de aventura. Mas quem guia quem? A tal “coisa”. Isto é o que de fato nos move. Não é possível nomeá-la, mas a “coisa” traz criação, frescor, interesse. Gostamos de não saber ao certo para onde estamos indo, e nos deixamos levar.”, explica a artista.
Dudude
Bailarina, improvisadora, coreógrafa, diretora de espetáculos e professora de dança, Dudude estuda e trabalha desde a década de 70 a pedagogia do ensino da dança e seus desdobramentos. A artista transita por linguagens contemporâneas, da dança, da performance e da improvisação, experimenta diálogos com a música, o teatro, o vídeo e as artes plásticas, e se mantém interessada em aprimorar seus estudos sobre o movimento. Seus espetáculos ocupam espaços diversos e rompem com as fronteiras pré-estabelecidas da arte. Dudude sempre se mostra a frente de seu trabalho por construir com o corpo lugares fomentadores e transformadores das questões do pensar. Seu corpo escuta, registra e escreve a dança que o habita. Mais informações. www.dudude.com.br
SERVIÇO
“1999=10” estréia no Verão Arte Contemporânea
Temporada: 10 a 23 de fevereiro
Quinta a sábado, às 21h
Domingo, às 19h
Teatro do Galpão Cine-Horto
Classificação: Livre
Duração: 60 minutos
CONTATO PARA ENTREVISTAS
Dudude – direção – 31 8797 9597 / 31 3283 2422
Patrícia Siqueira – atriz – 31 9970 0688
MAIS INFORMAÇÕES
Beatriz França
Assessoria de Comunicação
31 9733 3127 / 31 2535 3127
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